Qual o papel de Bolsonaro no plano para matar Lula, Alckmin e Moraes?
Atualizado: 21 de nov. de 2024
Operação “Contragolpe” expõe plano para golpe de Estado e inclui indiciamento de Bolsonaro

A operação “Contragolpe”, da Polícia Federal, revelou um esquema detalhado de golpe de Estado planejado por militares e civis para impedir a posse do governo eleito em 2022. O plano incluía o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Denominado “Punhal Verde e Amarelo”, o plano seria executado em dezembro de 2022 e envolvia técnicas militares avançadas, incluindo monitoramento contínuo das autoridades alvo. O objetivo era eliminar a chapa presidencial vencedora e neutralizar Moraes, permitindo a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” liderado pelos conspiradores. Segundo as investigações, o núcleo do esquema tinha conexões com figuras do governo Bolsonaro, incluindo reuniões realizadas na casa do general Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice na chapa presidencial de 2022.
A Polícia Federal incluiu o ex-presidente Jair Bolsonaro no relatório final da investigação sobre a tentativa de golpe. Ele será indiciado junto com ex-ministros e outros membros de seu governo, como o general Augusto Heleno. O relatório aponta indícios que ligam Bolsonaro à minuta de um decreto que justificaria ações golpistas, como a decretação de Estado de Defesa, além de evidências de reuniões com comandantes militares para articular o plano.
Com o indiciamento de Bolsonaro e outros envolvidos, o caso será encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), que avaliará o relatório. Caso apresente uma denúncia aceita pela Justiça, os indiciados se tornarão réus e responderão judicialmente pelas acusações. Bolsonaro, embora não tenha mais foro privilegiado, pode ter atos relacionados ao exercício do cargo julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
Consequências jurídicas e políticas
Segundo Wallyson Soares, advogado eleitoral e vice-presidente da Comissão Eleitoral da OAB-PI, as investigações podem trazer desdobramentos significativos. “Se houver comprovação de envolvimento direto ou indireto de Bolsonaro nesse plano, isso pode embasar ações para declará-lo inelegível por abuso de poder político ou conduta antidemocrática. Mesmo após o término de seu mandato, atos ligados ao exercício do cargo ainda podem ser julgados pelo TSE e STF, dependendo das provas apresentadas”, explica.
O advogado também destaca os impactos políticos para o ex-presidente. “Acusações graves como essa afastam eleitores moderados e dificultam alianças políticas, reduzindo sua viabilidade como candidato. Apesar disso, sua base mais radical pode se consolidar, mas será insuficiente para viabilizar um retorno político de peso”, avalia.
Quanto às consequências eleitorais, Wallyson ressalta que é pouco provável uma cassação retroativa da chapa Bolsonaro/Braga Netto. “O TSE exige provas muito robustas para tomar medidas dessa natureza, e o foco maior será nas sanções futuras para os envolvidos”, conclui.
As revelações da operação “Contragolpe” não apenas expõem falhas graves na segurança institucional, mas também reforçam a urgência de fortalecer a democracia brasileira contra ameaças internas e externas. A resposta judicial dependerá das provas reunidas e do entendimento jurídico sobre a gravidade das acusações.
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