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Voto impresso é retrocesso perigoso

  • Foto do escritor: Karina Pinto
    Karina Pinto
  • 25 de ago.
  • 2 min de leitura

Proposta de Emenda à Constituição é cortina de fumaça para quem não quer soltar o poder.


Apuração dos votos no Petrópolis Tênis Clube, em Porto Alegre, em 1992 - Paulo Franken / Agencia RBS
Apuração dos votos no Petrópolis Tênis Clube, em Porto Alegre, em 1992 - Paulo Franken / Agencia RBS

A decisão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado de aprovar o retorno do voto impresso é um tropeço desnecessário em um momento de pressão sobre a democracia brasileira. O país possui um sistema eletrônico que funciona há quase três décadas sem registro de fraude comprovada. Reabrir essa discussão agora é mais do que um desperdício de tempo e recursos: é um sinal claro de que parte da classe política está disposta a brincar com o futuro institucional do país.


Não é coincidência que essa pauta reapareça em um contexto de polarização e de pressões para enfraquecer instituições. O voto impresso já foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal por ameaçar o sigilo da escolha do eleitor. Forçar seu retorno é tensionar novamente o sistema eleitoral, como se o objetivo fosse menos garantir transparência e mais criar dúvidas sobre o resultado das próximas eleições.


O Brasil precisa mostrar firmeza democrática ao mundo, não fragilidade. Em um cenário internacional marcado por desinformação, autoritarismos e ataques às instituições, insistir em retrocessos eleitorais transmite a imagem de um país vulnerável a aventuras políticas.


Ao aprovar o voto impresso, a CCJ presta um desserviço à democracia. O Congresso deveria estar ocupado em enfrentar os problemas reais do país — em parte criados e alimentados pelos próprios parlamentares — e não em abrir brechas para quem sonha em se perpetuar no poder questionando regras já consolidadas.


Diante de tanta vontade de desfazer o que já funciona no Brasil, a pergunta é inevitável: a quem interessa o voto impresso? Se voltarmos no tempo, quando a democracia ainda era sonho de poucos e revolucionários, as mulheres não votavam, e muitos eleitores saíam de casa no dia da eleição com cédulas preenchidas pelo patrão, a resposta parece óbvia.


Ao brasileiro, falta memória para lembrar e educação para compreender o que um projeto retrógrado e encomendado como este representa — não apenas para o país, mas para ele próprio, enquanto eleitor.


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