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Fraudes no INSS: o Brasil que insiste em enganar a si mesmo

  • Foto do escritor: Karina Pinto
    Karina Pinto
  • há 6 dias
  • 2 min de leitura

Imagem de Freepik
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As fraudes no INSS reveladas pelas recentes operações da Polícia Federal vão muito além de um esquema criminoso envolvendo servidores, advogados e intermediários. Elas escancaram uma ferida aberta no funcionamento do Estado brasileiro: a corrosão moral de parte da sociedade e o enfraquecimento das instituições de controle.


Nos últimos meses, o país tem assistido à deflagração de dezenas de operações contra grupos especializados em burlar o sistema previdenciário. As estratégias vão desde a criação de segurados fictícios com documentação fraudada até a reativação de benefícios de pessoas já falecidas. Em comum, todas carregam um traço alarmante: a participação de agentes públicos e cidadãos que, conscientemente, escolhem sabotar um dos pilares do Estado de bem-estar social.


Vivemos em uma sociedade onde fraudar o INSS, para muitos, ainda é visto como um “jeitinho” inofensivo. Como se burlar a fila da Previdência fosse uma malandragem aceitável diante da suposta ineficiência estatal. Essa lógica de inversão moral, onde o erro está em ser pego - e não em cometer o crime - mina o próprio pacto social que sustenta o sistema previdenciário.


A Previdência Social não é uma fonte infinita de recursos. Cada benefício fraudado retira do orçamento público aquilo que poderia (e deveria) ser destinado a idosos, pessoas com deficiência, trabalhadores afastados por doença ou vítimas da desigualdade que mais precisam da proteção estatal.


É preciso dizer com todas as letras: fraudar o INSS é lesar o povo brasileiro. E é profundamente desonesto usar as falhas do sistema como justificativa para atos que colocam em risco a sobrevivência do próprio Estado.


O combate às fraudes precisa ir além da punição. É hora de revisar processos, valorizar os servidores de carreira que atuam com integridade, ampliar o uso da tecnologia de cruzamento de dados, mas, sobretudo, é hora de fortalecer a cultura da responsabilidade coletiva.


Nenhum país será justo enquanto parte dos seus cidadãos - e das suas instituições - tratar o patrimônio público como algo disponível para ser saqueado. O Brasil precisa escolher de que lado da história quer estar: o que não se importa em receber um benefício que não precisa, ou aquele que identifica uma falha no sistema e informa imediatamente às autoridades. 


Herança maldita, a fraude no INSS só se aperfeiçoou. Os grupos interessados em lucrar com a miséria da população agem há décadas, mas há outro interesse em jogo, o político. Apadrinhados querem estar no controle de instituições que movimentam bilhões, enquanto caciques exigem que seus pupilos tenham esse espaço. Quando as cartas são reveladas e o esquema vem à tona, a imprensa culpa o governo pela falha na segurança, a população culpa o governo pela falta de responsabilidade, e os caciques - novos e velhos - culpam o governo e ainda ganham uns likes com isso. 


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