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Ficou sabendo? O Brasil seguiu funcionando — apesar do noticiário

  • Foto do escritor: Karina Pinto
    Karina Pinto
  • há 3 dias
  • 2 min de leitura
Imagem de Freepik
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Ficou sabendo que o Brasil eliminou a transmissão vertical do HIV de mãe para o bebê e recebeu um certificado internacional por isso? Não? Tudo bem. Não deu muita audiência.

 

E sobre uma estudante de escola pública, de 17 anos que recebeu uma bolsa de R$ 2 milhões do CNPq para estudar neurociência em Harvard, uma das universidades mais prestigiadas do mundo, ficou sabendo? Provavelmente não. Ciência não lacra, não rende corte viral.

 

Diante dessas negativas, fica a dúvida: essas notícias não existiram ou você não foi atrás delas?

 

Porque elas saíram. Em notas discretas, em portais especializados, em comunicados oficiais, em veículos de comunicação populares, inclusive entre jovens. Mas desapareceram rápido, soterradas por um noticiário obcecado em acompanhar, minuto a minuto, cada fala, cada gesto, cada movimento da família Bolsonaro e de seus satélites políticos.

 

Enquanto isso, um país inteiro segue pulsando fora do enquadramento, longe da polêmica do momento: as havaianas, e o pé que só pode ser o direito, não, pera!

 

O Brasil avançou na saúde pública, com reconhecimento internacional por políticas sustentadas pelo SUS. Avançou na ciência, financiando talentos que competem em pé de igualdade no cenário global. Avançou na tecnologia, retomando projetos estratégicos abandonados por anos. Avançou no meio ambiente, com queda do desmatamento e retomada de fiscalização. Avançou até no básico: instituições voltaram a funcionar.

 

Mas nada disso parece competir com o “escândalo do dia”.

 

A grande mídia — com raras exceções — parece sequestrada por uma lógica em que o bolsonarismo dita a pauta, mesmo fora do poder. Se Bolsonaro fala, vira manchete (agora nem tanto, ele está preso). Se um aliado provoca, vira debate. Se a família posta, vira análise. O país real, que exige contexto, dados e acompanhamento, fica em segundo plano.

 

É mais fácil noticiar o ruído do que explicar o avanço.Mais rentável o conflito do que a política pública.Mais confortável repetir personagens do que revelar processos.

É mais fácil publicar o caça like do que a notícia que informa e transforma.

 

O resultado é um retrato distorcido da realidade: um Brasil que parece permanentemente paralisado, quando, na prática, segue andando — muitas vezes sem aplauso, sem holofote e sem virais.

 

Talvez a pergunta correta não seja apenas “por que a mídia não mostra?”, mas também: o cidadão quer ver?


Quer saber que políticas públicas funcionam?

Quer acompanhar ciência, saúde, educação e tecnologia?

Ou prefere seguir refém do espetáculo político que garante indignação diária, mas pouca compreensão do país?

 

As boas notícias existem. Aos montes.

Elas só não gritam. E, definitivamente, não usam sobrenome famoso.

Não consumir esses ruídos é uma opção, e sem engajamento os veículos vão entender o recado.

Pode não parecer, mas existe opção.

 

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