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Brasil, um país que falha com mulheres e meninas todos os dias

  • Foto do escritor: Karina Pinto
    Karina Pinto
  • há 4 dias
  • 2 min de leitura


Imagem de freepik
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Por mais que a legislação brasileira tenha avançado no reconhecimento da violência de gênero — com marcos como a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio —, a estrutura que deveria proteger mulheres e crianças ainda opera sob o peso de um machismo institucionalizado. O resultado dessa omissão é brutal: em 2023, 3.903 mulheres foram assassinadas no Brasil, uma média de dez mortes por dia, segundo o Atlas da Violência, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Ipea em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.


Os números escancaram o que muitas já sentem na pele: o Estado brasileiro não tem sido capaz de garantir o direito mais básico de todos — o direito à vida. E, pior, em muitos casos, contribui ativamente para o desamparo.


Recentemente, no Mato Grosso do Sul, uma jornalista morreu após ser esfaqueada pelo ex. Ela teve um pedido de medida protetiva negado na delegacia da mulher, apesar do registro de agressão anterior. No Paraná, o Ministério Público denunciou por lesão corporal culposa um homem que atropelou e matou uma jovem de 19 anos que segurava no colo a filha pequena. A jovem morreu após ficar 57 dias internada. Ambos os casos exemplificam a desconexão entre a gravidade dos crimes e a resposta do sistema de Justiça. A lei diz uma coisa; a prática diz outra.


Não são fatos isolados. São expressões de um Estado que, embora tenha leis robustas no papel, funciona sob a lógica da desconfiança da palavra da vítima, da desvalorização da vida feminina e da impunidade para agressores. Isso tem nome: violência institucional.


Em um cenário em que um terço das mortes de mulheres pode ser classificado como feminicídio, como explicar a inércia do poder público? Como explicar a ascensão de discursos redpill, que pregam o ódio às mulheres, normalizam o controle, a humilhação e até mesmo a eliminação daquelas que não se adequam aos padrões de submissão?


A pergunta que ecoa com força é: o Brasil odeia suas mulheres e meninas? Talvez não em palavras, mas certamente em atos e omissões. É urgente parar de fingir que se trata de exceções. A cada mulher ignorada por uma autoridade, a cada processo arquivado, a cada agressor não punido, o país reafirma que a vida das mulheres importa menos. Isso precisa mudar. E mudar exige mais do que campanhas: exige responsabilização, investimento em políticas públicas, e principalmente, coragem para enfrentar a cultura machista que ainda permeia todas as instituições — da polícia ao Judiciário.


O que está acontecendo diariamente no país é um genocídio silencioso. E a pergunta agora não é se o Estado vai reagir. É quando, e se ele vai finalmente escolher proteger quem deveria ser prioridade.



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