Aplicativos de proteção ganham espaço no combate à violência contra a mulher
- Karina Pinto
- há 4 dias
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O alerta feito pela senadora Zenaide Maia (PSD-RN) no plenário do Senado reacendeu o debate sobre o papel do poder público no enfrentamento à violência contra a mulher. Segundo ela, o tema precisa ser tratado como prioridade nacional, com orçamento e políticas contínuas. A parlamentar citou dados que mostram a gravidade do cenário: 1.463 brasileiras foram assassinadas em 2023 — uma a cada seis horas.
Enquanto o país busca respostas estruturais, iniciativas tecnológicas começam a ocupar espaço entre as ferramentas de prevenção. É o caso do Be Safe Mulher, aplicativo desenvolvido para ajudar mulheres a identificar sinais de relacionamentos abusivos e acionar redes de apoio.
App reúne teste de risco e acionamento de contatos de emergência
Com foco na prevenção, o Be Safe Mulher oferece um teste com cerca de 25 sinais de alerta, baseado em comportamentos típicos de relacionamentos abusivos. A partir das respostas, a usuária recebe uma avaliação de risco e sugestões de caminhos para buscar ajuda.
O aplicativo também permite compartilhar o resultado com pessoas de confiança e cadastrar até três “Guardiões de Emergência”. Em caso de situação de crise, a mulher aciona um botão e esses contatos são imediatamente avisados — funcionalidade considerada estratégica por especialistas, sobretudo para mulheres que ainda não se sentem seguras para registrar boletim de ocorrência.
Falta articulação nacional para ampliar o alcance
Em sua fala no Senado, nesta quinta-feira (13), Zenaide Maia criticou a descontinuidade histórica de políticas públicas voltadas às mulheres e defendeu que o poder público assuma a responsabilidade pelo enfrentamento da violência. Iniciativas como o Be Safe Mulher preenchem lacunas importantes, mas ainda operam com pouca estrutura e dependem quase exclusivamente de divulgação orgânica.
Em estados da Amazônia Legal, por exemplo, a combinação de longas distâncias, internet instável e ausência de delegacias especializadas faz com que mulheres tenham menos acesso a ferramentas de apoio. Nesses locais, aplicativos de orientação e ativação de rede de apoio podem ser decisivos para romper ciclos de violência.
A falta de uma campanha nacional coordenada reduz o alcance do Be Safe Mulher e impede que a ferramenta seja conhecida justamente por quem mais precisa dela. Idealizado pela escrivã da Polícia Civil em Santa Fé do Sul, Priscila Guimarães, o app é divulgado em seu perfil nas redes sociais.
Para Zenaide Maia, o poder público não pode mais depender apenas de iniciativas isoladas. A senadora defendeu que ações de combate à violência contra a mulher passem a ter financiamento contínuo e integração entre União, estados e municípios.
Nesse contexto, aplicativos como o Be Safe Mulher ganham relevância, mas só terão impacto real se forem incorporados à política nacional de enfrentamento à violência de gênero. Com apoio institucional e financiamento, o app pode se tornar uma das ferramentas mais acessíveis do país para prevenção e orientação de mulheres em situação de vulnerabilidade.
Link para acesso ao aplicativo: BeSafeMulher
Canais de denúncia: Disque 100, Disque 180 (Ligação e WhatsApp), 190 (Emergências)
Polícia Civil do Pará - DEAM www.delegaciavirtual.pa.gov.br




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