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Zambelli fora do Brasil: estratégia de sobrevivência ou desprezo pela Justiça?

  • Foto do escritor: Karina Pinto
    Karina Pinto
  • 3 de jun.
  • 2 min de leitura

Deputada Carla Zambelli - Foto: Redes Sociais
Deputada Carla Zambelli - Foto: Redes Sociais

A saída da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) do Brasil, após sua condenação no Supremo Tribunal Federal e cassação pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, levanta não apenas questões jurídicas, mas também reflexões institucionais e éticas. Ao anunciar que está na Itália, onde possui cidadania, Zambelli se apresenta como vítima de perseguição política. Mas será mesmo esse o caso?


A deputada não foi alvo de um tribunal de exceção. Foi julgada por uma Corte constitucional — o STF — após um flagrante episódio ocorrido às vésperas do segundo turno de 2022, quando sacou uma arma e perseguiu um homem pelas ruas de São Paulo. Foi ainda condenada por desinformação sistemática contra o sistema eleitoral brasileiro, em um contexto em que a Justiça Eleitoral endureceu sua posição contra ataques que colocam a democracia em risco.


Os processos não só obedeceram ao devido processo legal como refletem o fortalecimento institucional diante de tentativas de corrosão das regras do jogo democrático. Alegar “perseguição política” em um cenário desses é uma manobra retórica que busca deslegitimar decisões judiciais, não por sua inconsistência, mas por sua firmeza.


Do ponto de vista jurídico, a situação é delicada. Se a parlamentar estiver de fato na Itália, o Brasil poderá requisitar sua extradição com base no tratado bilateral de 1989. Mas o caminho será difícil: a Constituição italiana impede a extradição de nacionais — e Zambelli é cidadã italiana. Isso significa que ela pode, sim, encontrar na Itália um escudo jurídico, ainda que à custa de seu mandato, da sua imagem pública e da legitimidade de seu discurso.


A Procuradoria-Geral da República já pediu a inclusão de seu nome na lista da Interpol. Isso não implica prisão automática, mas impede a livre circulação em boa parte do mundo. Ficar na Itália pode ser uma forma de blindagem. Sair de lá, é um risco real de prisão.


É nesse ponto que surge a pergunta essencial: estamos diante de uma estratégia de sobrevivência jurídica ou de um desprezo consciente pela autoridade da Justiça brasileira? Para além dos aspectos legais, o episódio revela um padrão preocupante: a tentativa, cada vez mais frequente entre figuras públicas investigadas ou condenadas, de transformar punições legais em narrativas políticas.


Ao sair do país após ser condenada, Zambelli não apenas afronta a Justiça — afronta também os brasileiros que esperam que seus representantes obedeçam à Constituição. Ao agir como se estivesse acima da lei, ela testa os limites do sistema — e do próprio conceito de responsabilidade política.


No fim, o que está em jogo não é apenas o destino de uma parlamentar, mas o compromisso da democracia com a verdade, a legalidade e a consequência dos atos. É esse o julgamento mais importante que precisamos acompanhar.

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