Trump: incendiário em todos os sentidos

Donald Trump está de volta e, com ele, a diplomacia da truculência. A Casa Branca anunciou novas tarifas sobre o aço brasileiro, alegando "proteção à indústria americana", e, de brinde, extinguiu a parceria entre Brasil e EUA para prevenção a incêndios florestais. Em outras palavras, Washington resolveu nos queimar em dose dupla.
A taxação do aço é um golpe na indústria siderúrgica nacional, que já enfrenta desafios internos como custos altos e desvalorização cambial. O Brasil, historicamente um dos principais fornecedores de aço semi-acabado para os EUA, agora vê suas exportações ameaçadas pela política protecionista de Trump, que parece mais interessado em gestos eleitoreiros do que em acordos comerciais racionais.
Mas se no campo econômico o estrago já é grande, na área ambiental a decisão beira o criminoso. O fim da parceria para prevenção a incêndios ocorre em um momento crítico, quando a Amazônia e o Pantanal ainda se recuperam após temporadas de fogo cada vez mais intensas. O governo Biden havia estabelecido essa cooperação para melhorar a resposta a incêndios florestais e promover práticas sustentáveis. Agora, Trump, com sua visão de curto prazo e desprezo pelas questões ambientais, decide apagar a parceria – só para ver o mundo pegar fogo.
O mais irônico é que o republicano, ao longo de sua carreira política, já provou ser um incendiário de mão cheia. Mexe com tarifas, desafia aliados, atiça conflitos geopolíticos e, agora, resolve soprar brasas para cima do Brasil. O problema é que, uma vez iniciado o incêndio, nem sempre dá para controlar as chamas.
Diante desse cenário, resta ao governo brasileiro decidir se continua assistindo ao fogo consumir oportunidades e relações estratégicas ou se finalmente aprende a jogar com um mínimo de pragmatismo. Até porque, se depender de Trump, o que ele não conseguir taxar, ele incendeia.
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