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Trabalhadores em condições análogas à escravidão: terceirizada da BYD na Bahia nega acusações

Karina Pinto

Imagem: Alojamento chineses / Foto: MPT Divulgação
Imagem: Alojamento chineses / Foto: MPT Divulgação

Recém chegada ao Brasil, a montadora chinesa BYD tem feito sucesso entre o público com seus carros elétricos estilosos e cores vibrantes, mas a instalação da fábrica no país está envolta em uma série de polêmicas. Além da concorrência com os carros brasileiros que têm cada vez menos modelos considerados “populares”, e cada vez mais caros, as denúncias de trabalho escravo. 


Na última semana, uma força-tarefa de órgãos federais resgatou 163 trabalhadores chineses que estavam em condições análogas à escravidão em uma obra da montadora de veículos elétricos BYD, localizada em Camaçari, Bahia. A situação revela uma grave violação dos direitos humanos e coloca em debate a responsabilidade das empresas em relação à terceirização de serviços e à fiscalização das condições de trabalho.


De acordo com as autoridades, os trabalhadores, contratados pela empresa terceirizada Jinjiang Group, enfrentavam jornadas exaustivas de até 12 horas diárias, sem direito a folgas semanais. Além disso, foram encontrados em alojamentos precários, com superlotação e falta de higiene. Também foram relatados casos de retenção de passaportes, configurando uma situação de restrição de liberdade dos trabalhadores. 


Em resposta, a BYD afirmou que rescindiu o contrato com a Jinjiang Group e está cooperando com as investigações conduzidas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo Ministério do Trabalho. A montadora também garantiu que reforçará os mecanismos de fiscalização para evitar novos episódios semelhantes. 


O caso chamou atenção para a vulnerabilidade de trabalhadores migrantes em situações de terceirização, principalmente em obras de grande porte. O MPT e outros órgãos competentes estão apurando as responsabilidades e adotando medidas para proteger os direitos dos trabalhadores resgatados. Apesar de chocante, esse não é um caso isolado, em São Paulo, bolivianos e venezuelanos já foram resgatados de oficinas de costura, vivendo amontoados em porões, e trabalhando 14 horas por dias. 


Vinícolas no Rio Grande do Sul foram flagradas explorando argentinos nas plantações, e obrigando centenas de trabalhadores a dormir em alojamentos sem higiene, e sem carteira assinada, enquanto marcas famosas de vinho lucravam com isso. Signatário de convenções internacionais de combate ao trabalho escravo, o Brasil possui legislações avançadas, mas enfrenta desafios na sua aplicação, especialmente em regiões afastadas ou em situações que envolvem trabalhadores estrangeiros.

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