Indígenas Xikrin recebem capacitação para fortalecer a cultura através da produção de biojoias
Cuidadoras da floresta, guardiãs de sua história, guerreiras e artesãs: assim são as mulheres indígenas do povo Xikrin, que vivem em 14 aldeias no Médio Xingu. Parte de uma cultura que coloca as mulheres em posição de liderança, os Xikrin, como tantos outros povos originários, enfrentam desafios para preservar e transmitir às futuras gerações seu rico patrimônio linguístico e material.
Em resposta a essas dificuldades, o artesanato tornou-se uma ferramenta poderosa para a comunidade. Com uma proposta inovadora, os Xikrin abraçaram a produção de biojoias como meio de fortalecer sua cultura e gerar renda. Entre os dias 13 e 17 de novembro, a Associação Bere Xikrin, com o apoio do Programa Olhos D’Água - Edital Escolas Livres de Formação em Arte e Cultura, promoveu uma oficina transformadora voltada às mulheres das aldeias, conhecidas como menires.
A oficina, ministrada por especialistas em biojoias e design sustentável, valorizou o conhecimento ancestral das menires no manejo de sementes, fibras e outros materiais da floresta. As participantes aprenderam técnicas modernas de produção e design, além de estratégias de comercialização, reforçando a autonomia econômica da comunidade e a continuidade de suas tradições.
Essa iniciativa destaca o papel essencial das mulheres Xikrin na economia e na organização social de suas aldeias. Ao incentivar a criação de biojoias com métodos sustentáveis e materiais locais, o projeto promove não apenas a geração de renda, mas também o empoderamento feminino e a reafirmação da identidade cultural do povo Xikrin.
A região do Médio Xingu, marcada pelos impactos socioambientais da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, tem enfrentado grandes desafios. Nesse cenário, o projeto da Associação Bere Xikrin emerge como uma resposta resiliente, oferecendo alternativas para o fortalecimento cultural e a sustentabilidade econômica das comunidades.
O Programa Olhos D’Água, uma iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) lançada em 2023, é parte desse movimento. Com um investimento total de R$ 20 milhões, o programa apoia 70 projetos em todo o Brasil, incluindo o da Associação Bere Xikrin, que agora se conecta em rede com outras iniciativas semelhantes.
Sobre a Associação Bere Xikrin
Fundada em 2018, a Associação Bere Xikrin representa as 14 aldeias do povo Xikrin do Médio Xingu. A organização atua na defesa de direitos, na preservação da cultura e na promoção do desenvolvimento sustentável, reforçando a resistência e a vitalidade das comunidades diante dos desafios contemporâneos.
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