Economista analisa indicação de Lula para comando do Banco Central

Gabriel Galípolo é economista, graduado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pós-graduado em Economia pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com uma carreira marcada pelo envolvimento em diversas áreas do setor financeiro, atuou como diretor executivo do Banco Fator e já esteve à frente da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
Ao longo de sua trajetória, Galípolo acumulou experiência em políticas de desenvolvimento econômico e destacou-se pelo perfil intervencionista, com uma visão que defende maior atuação do Estado na economia.
A aprovação unânime de Galípolo pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para a presidência do Banco Central na terça-feira, 08, levanta questões sobre o futuro da política monetária no Brasil. Sua indicação, feita pelo governo, reflete uma expectativa clara de que ele trabalhe pela redução da taxa de juros. Essa expectativa está alinhada com o desejo do governo de estimular o crescimento econômico, e sua visão econômica é de mais ação do Estado na economia.
No entanto, Galípolo já afirmou que, se necessário, aumentará os juros para proteger o poder de compra da moeda, lembrando a todos de sua consciência sobre a principal função do Banco Central: manter a estabilidade monetária. Essa postura indica um compromisso com a responsabilidade que o cargo exige, o que pode inicialmente tranquilizar o mercado, que se manterá atento à sua atuação.
Vale lembrar que Galípolo só assumirá a presidência do Banco Central em 2025, ao fim do mandato de Roberto Campos Neto, que teve um perfil mais liberal e tecnicamente orientado. Até lá, a expectativa é que ele adote uma postura técnica, equilibrando as expectativas do governo com as exigências do mercado, além de zelar pela estabilidade econômica do país.”, resume.
Em um cargo de importância estratégica, ele terá a responsabilidade de conciliar suas inclinações pessoais com a necessidade de independência e responsabilidade monetária, demonstrando, em sua atuação, que manterá o compromisso com uma política monetária responsável e alinhada com as demandas da economia brasileira.
Ainda assim, a indicação de Gabriel Galípolo coloca um ponto de interrogação sobre o futuro do Banco Central. Se, por um lado, ele assume com histórico de uma visão de Estado mais presente na economia, por outro, seu discurso prévio indica uma tentativa de moderação.
Será interessante observar até que ponto Galípolo conseguirá manter essa postura técnica e alinhada aos princípios de autonomia do Banco Central, especialmente sob pressões políticas e econômicas. Sua atuação poderá redefinir a relação entre o governo e o Banco Central, mas cabe a ele mostrar que está preparado para lidar com as complexidades de um cenário econômico instável. O mercado espera, e o tempo dirá se ele conseguirá manter a independência necessária para assegurar a credibilidade da instituição enquanto atende às expectativas de quem o indicou.

Adriano Di Castro, é economista, educador e planejador financeiro.
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