Dez cidades concentram 20% das queimadas que consomem o país
- Karina Pinto
- 20 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Nove estão na Amazônia, e sete figuram entre os municípios que mais desmataram em 2023, conforme alerta a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, com base em dados do Inpe

Dez cidades das regiões Norte e Centro-Oeste concentram 20,5% das queimadas registradas no Brasil desde o início do ano, deixando um rastro de destruição. Localizados nos estados do Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Rondônia, esses municípios somam 39.247 focos de incêndio, de um total de 190.943 registrados no país entre 1º de janeiro e 18 de setembro, segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A cidade mais atingida é São Félix do Xingu, no Pará, com 6.474 focos de fogo, seguida por Altamira, também no Pará, com 5.250 focos. Em seguida vêm Corumbá (MS), com 4.736 focos, e Novo Progresso (PA), com 4.598. Apuí (AM) registra 4.308 pontos de incêndio, enquanto Lábrea (AM) tem 3.723; Itaituba (PA), 2.973; Porto Velho (RO), 2.710; Colniza (MT), 2.277; e Novo Aripuanã (AM), 2.198.
Segundo Beto Mesquita, membro do Grupo Estratégico da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, o fato de nove dessas cidades estarem localizadas na Amazônia é alarmante. A exceção é Corumbá, que é a porta de entrada para o Pantanal. “Embora haja muitos incêndios no Cerrado, os focos continuam concentrados na Amazônia”, destaca Mesquita.
Ele também observa que sete das dez cidades com mais queimadas em 2023 estão na lista dos municípios que mais desmataram, segundo dados do sistema Prodes, do Inpe: Altamira, Corumbá, São Félix do Xingu, Porto Velho, Apuí, Lábrea e Colniza. “Essas áreas estão sendo queimadas como parte do processo de consolidação do desmatamento. Há uma relação clara. Em algumas regiões, o fogo é usado como um novo agente de degradação", explica Mesquita.
"Os incêndios estão se tornando um novo vetor de destruição, possivelmente como uma tentativa de escapar dos sensores que detectam o desmatamento. Isso torna mais difícil identificar a extração ilegal de madeiras nobres, por exemplo. É um desafio para os governos federal e estaduais, que precisam entender melhor essas dinâmicas para se prepararem com estratégias mais adequadas de combate, fiscalização e preservação.”
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura é composta por mais de 400 organizações, incluindo entidades do agronegócio, empresas, ONGs, setor financeiro e academia. A rede promove debates, análises de políticas públicas, articulação entre setores e iniciativas que contribuam para a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.
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