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Brasil assume posição de destaque na transição energética global

Karina Pinto

"O World Summit on Energy Transition (WSoET), evento que acontece em Fortaleza nos dias 28 e 29 de novembro, reunirá palestrantes nacionais e internacionais para discutir estratégias inovadoras voltadas a reduzir os impactos das mudanças climáticas."



Imagem: engenheiros trabalham em parque solar - Imagem de Freepik

Em  um cenário global de mudanças climáticas, as últimas três décadas foram de grandes avanços na transição energética para o Brasil, em especial para o Ceará. O estado tem desenvolvido estratégias inovadoras em energia limpa nos últimos 30 anos, sendo pioneiro recentemente na produção de hidrogênio verde na América Latina. Graças a essa trajetória, o Ceará vai sediar o World Summit on Energy Transition (WSoET), a Cúpula Mundial sobre Transição Energética, nos dias 28 e 29 de novembro, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, uma realização do Winds for Future, da Advanced Leadership Foundation e do Global Institute for the Future of Tourism.


O WSoET é o evento mais importante do país sobre o tema neste ano e tem como diferencial a reunião de especialistas globais, investidores, figuras influentes e celebridades internacionais para debater os desafios impostos pelas mudanças climáticas e explorar as vastas oportunidades associadas à transição energética.


Ángel Gurría, Secretário-Geral da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) entre 2006 e 2021, está entre os palestrantes. Também estarão na Cúpula participantes ligados à Organização dos Estados Americanos (OEA), ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), representando mais de 22 países, com ministros, ex-presidentes e especialistas em energia.


A Cúpula tem por objetivo, acima de tudo, impulsionar o desenvolvimento de tecnologias e estratégias relacionadas ao hidrogênio verde, buscando a criação de uma matriz energética mais sustentável e eficiente, que possa contribuir para diminuir os impactos das mudanças climáticas. 


Entre os principais pontos de discussão estarão o desenvolvimento de um Roadmap para o setor, a avaliação de incentivos para o hypercluster em torno das energias renováveis e de baixo carbono, a criação de infraestruturas adequadas, a formação de uma cadeia de suprimentos sólida e o estabelecimento de marcos jurídicos. O objetivo é fomentar parcerias globais indispensáveis para acelerar esse processo.


A transição energética no Brasil é um processo em andamento, marcado por uma forte base de energias renováveis, principalmente hidrelétrica, e uma crescente diversificação com outras fontes renováveis, como eólica, solar e biomassa. Em 2023, cerca de 60% da geração de eletricidade no Brasil ainda vinha de usinas hidrelétricas. Este número já foi maior, mas a expansão de outras fontes renováveis vem reduzindo a dependência de hidrelétricas, sobretudo devido aos desafios das secas prolongadas em algumas regiões.


Hoje, a energia eólica representa aproximadamente 12% da matriz elétrica brasileira, e o Brasil é o líder de capacidade instalada na América Latina, com mais de 23 GW em 2023. As regiões Nordeste e Sul, especialmente o Ceará e o Rio Grande do Norte, concentram a maior parte das instalações eólicas. O setor de energia solar tem crescido rapidamente, ultrapassando 30 GW de capacidade instalada em 2024. O Brasil se tornou um dos dez maiores mercados solares do mundo, com grande parte das instalações solares distribuídas em residências e empresas, o que reforça a geração distribuída.


A biomassa, principalmente a partir de resíduos agrícolas como bagaço de cana, responde por cerca de 8% da matriz elétrica do Brasil. Este recurso é relevante no centro-sul do país, onde está concentrada a produção de cana-de-açúcar. O Brasil se comprometeu a reduzir 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2030, em comparação com os níveis de 2005. A meta faz parte dos compromissos assumidos na Conferência do Clima (COP) e na busca pela neutralidade de carbono até 2050.


Pioneiro no uso de biocombustíveis, com o etanol representando uma alternativa significativa à gasolina, especialmente nos veículos flex-fuel, o país também investe no biogás e no biometano, com potencial para reduzir a dependência de combustíveis fósseis no setor de transporte e nas indústrias. Esses números mostram que o Brasil já tem uma base sólida em energias renováveis, mas há um grande esforço em curso para diversificar ainda mais e impulsionar o papel das novas tecnologias, como o hidrogênio verde, na transição energética.


Diálogo

O World Summit on Energy Transition será uma plataforma de diálogo entre indústria, academia, governo e terceiro setor, para explorar as vantagens e oportunidades na promoção de um modelo de transição energética. Outro objetivo será inspirar novos participantes a aderirem ao movimento, acelerando o processo de transição e promovendo uma mobilização global. Nesse sentido, as discussões abordarão as tendências internacionais e a inteligência de mercado.


Por fim, a Cúpula traçará um roteiro estratégico para o Brasil, destacando o papel de protagonismo que o Ceará pode assumir nesse processo. Com seus abundantes recursos naturais — como vento, sol e oceano —, o estado tem todos os elementos para se tornar um  polo estratégico na matriz energética global limpa e moderna.




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