Acusado de ser o mandante do massacre em presídio no Pará vai a júri popular

Acusado de ser o mandante da morte de 58 presos, Luziel Barbosa senta nesta quinta-feira (05) no banco dos réus, em Belém do Pará. A previsão é que o julgamento dure três dias, e 20 testemunhas sejam ouvidas.
O caso, de repercussão internacional, resultou na morte de internos que cumpriam pena por diversos crimes no presídio. 16 deles foram decapitados e 41 asfixiados com a fumaça. Cenas de selvageria e brutalidade, que teriam sido orquestradas por Luziel Barbosa. As investigações do massacre mostraram que ele foi o mandante das mortes, e sob suas ordens, internos decapitaram e exibiam as cabeças das vítimas.
Tudo aconteceu no dia 29 de julho de 2019, e começou com uma suposta rebelião. Internos que estariam insatisfeitos com as condições degradantes dentro do centro de recuperação. Às 6h da manhã já era possível ouvir os gritos vindo de dentro do centro, e a fumaça resultado do fogo que os presos atearam em colchões, roupas e tudo o que encontravam pela frente. Do lado de fora, familiares se aglomeravam, rezavam, pediam por socorro enquanto temiam pela vida de quem estava lá dentro. A polícia tentava negociar uma rendição para uns internos que se apresentaram como líderes da suposta rebelião, mas em pouco tempo, o massacre começou.
A briga pelo comando dentro da casa penal entre dois grupos criminosos rivais revelou a verdadeira motivação para o incidente. Presos do Bloco A deixaram as celas e seguiram em direção ao anexo, uma ala de contêiner onde estavam os presos do grupo rival. O local foi incendiado e destruído, 41 presos morreram asfixiados. As armas utilizadas para decapitar as vítimas foram fabricadas pelos próprios presos. No dia do massacre, 2 agentes prisionais foram mantidos reféns, e após muita negociação, eles foram liberados sem ferimentos.
O julgamento estava marcado para acontecer em Altamira, mas a pedido da defesa do réu, motivada pela grande comoção em torno do caso na região, a justiça deferiu o pedido de transferência do julgamento para Belém. Nesta quinta-feira, Luziel Barbosa sentará no banco dos réus, e se condenado, pode pegar a pena máxima.
Após o massacre, o centro de recuperação de Altamira, no Sudoeste do Pará, foi fechado, e o prédio passou por uma longa reforma. Hoje, a unidade dá lugar a Central de Passagem de Presos de Pequena Relevância Criminal, como internos que estão ali por atraso no pagamento de pensão alimentícia.
Antes da rebelião, o local tinha capacidade para 162 presos, mas abrigava 343. No massacre, 58 presos morreram, e outros 4 foram mortos em um caminhão-cela, durante uma transferência para Marabá, totalizando 62 mortos. Para dar conta de tantos corpos, um caminhão frigorífico foi utilizado para armazenar os restos mortais das vítimas, até que a perícia fosse concluída.
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